domingo, 25 de março de 2012

Médica que atendia Marcelo Dino deixou UTI para ajudar em parto

A médica responsável pelo atendimento a Marcelo Dino, filho do presidente da Embratur, Flávio Dino, disse em depoimento à polícia que se ausentou por 40 minutos da UTI onde o menino estava internado e veio a morrer, no dia 14 de fevereiro. O garoto, de 13 anos, havia sido internado na tarde do dia anterior no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, com uma crise de asma.
No depoimento, obtido com exclusividade pela TV Globo, Izaura Costa Rodrigues Emídio contou  que saiu da UTI às 5h30 para atender ao chamado de um colega que estava realizando um parto na sala ao lado da UTI. Segundo depoimento, o bebê nasceu às 5h50. Depois, por mais 10 minutos, ela ficou na sala de reanimação do centro obstétrico para fazer exames clínicos no bebê.
A médica disse que retornou para a UTI às 6h10 depois de ser chamada pela auxiliar de enfermagem. Segundo ela, a auxiliar relatou que Marcelo reclamava de falta de ar. No depoimento, a médica negou que tenha havido falhas no atendimento ao menino e diz que fez tudo o que pode para salvá-lo. Ela disse ainda que Marcelo morreu às 7h do dia 14 de fevereiro.
O G1 conversou neste sábado (24) com a médica Izaura Costa Rodrigues Emídio, que está de plantão na UTI pediátrica do Santa Lúcia. Ela não quis comentar o caso e informou que o hospital vai realizar, na semana que vem, uma entrevista coletiva com a equipe que atendeu Marcelo Dino.
O diretor técnico do Hospital Santa Lúcia, Cícero Henrique Dantas, informou que as UTIs neonatal e pediátrica ficam no mesmo ambiente e que um outro médico estava a postos para atender Marcelo Dino. "Não houve uma quebra da continuidade da assistência, uma vez que um colega do lado na UTI neonatal passou a prestar assistência na UTI pediátrica", explicou Dantas.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal e pelo Conselho Regional de Medicina
Depois da morte do garoto, o Santa Lúcia divulgou uma nota em que explicava que Marcelo Dino apresentava “quadro clínico grave de crise asmática” ao dar entrada no hospital. Segundo a nota, o menino foi encaminhado "imediatamente" para a Unidade de Tratamento Intensivo ao ser atendido.
Na nota, o hospital alegava ainda que a família relatou à equipe de atendimento que o jovem tinha asma crônica, era usuário de broncodilatadores e que perdeu a consciência durante uma crise na manhã em que foi internado. Segundo o hospital, Marcelo passou a noite consciente, sendo monitorado na UTI, com quadro estável.
Na nota, o hospital informava que o jovem queixou-se de desconforto e dificuldade para respirar. A direção informou que foi verificado um quadro súbito de piora da oxigenação, quando a equipe responsável pela assistência iniciou os procedimentos de emergência.
A nota informa ainda que houve tentativa de reanimação do paciente, mas que o adolescente não respondeu.
Duvanier
Em janeiro, o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, morreu devido a um infarto no miocárdio, após procurar atendimento em três hospitais particulares do Distrito Federal: o Santa Lucia, onde morreu Marcelo, o Santa Luzia e o Hospital Planalto, onde Duvanier recebeu atendimento, mas acabou morrendo.
Na época, a presidente da República Dilma Rousseff, solicitou ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a apuração de suposta negligência no atendimento ao secretário e pediu "providências exemplares".
A Delegacia do Consumidor (Decon) e a 1ª DP de Brasília abriram inquérito para investigar as circunstâncias da morte. O inquérito da Decon foi concluído e apontou omissão dos hospitais, que supostamente recusaram atendimento preliminar antes da efetuação de pagamento. Na época da morte, os hospitais negaram ter recusado atendimento.
O inquérito na 1ª DP deverá ser concluído em mais um mês. O delegado Anderson Espíndola disse que outros dois casos de omissão de socorro e imperícia médica estão sendo apurados na delegacia. Um envolve um hospital público e outro um particular.

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